
Fiuk e Fábio Jr.: parceria na televisão
“Eu não tô afim de ser o Fábio Jr. dois. Não tô!”, brada Fiuk em determinado momento do especial “Tal Filho, Tal Pai”, exibido ontem pela Globo. Com grandes chances de virar uma atração na grade fixa do próximo ano da emissora, a ficção com toques de realidade se propõe – em tese – a desvendar um pouco do cotidiano do ídolo teen e esmiuçar sua relação com seu pai. O que se viu, no entanto, foi um subtexto nada sutil, quase como se o ex-protagonista de “Malhação” gritasse aos sete ventos: “posso ser filho dele, mas não faço sucesso por causa dele”.
Para ficar mais clara a ideia, em seu primeiro bloco o especial faz com que uma crítica de música de língua ferina – papel que coube a Alessandra Negrini – compare Fiuk a um chihuahua e afirme que ele não tem talento nenhum. Depois de muita revolta por parte de pai, filho, amigo e namorada, o galã da juventude resolve ligar para a moça e – suprise, suprise – ela o convence a virar roqueiro. Assim, de um jeito para lá de simples, ele muda os rumos da vida e monta uma banda. Daí vale tudo, até mesmo imitar Mick Jagger em frente a TV. Seria bonitinho, não fosse simplório e piegas.
A partir daí, começa a via sacra do mocinho em busca do sucesso sem apadrinhamento. Faz teste para uma banda, arranja empresário charlatão e chega a tocar para meia dúzia de pessoas e ser expulso de bordel. A intenção não é outra que não provar que o talento de Fiuk é genuíno e que ele é esforçado. Sinceramente? Não precisava de um programa inteiro para tanto. O garoto provou que tem potencial tanto na TV, em “Malhação”, quanto no cinema, em “As Melhores Coisas do Mundo”, de Laís Bodansky. Bater insistentemente na mesma tecla é quase como pedir desculpas pelo sucesso. Totalmente desnecessário. Agora, sim, é preciso salientar: Fiuk tem talento, mas ainda pode melhorar muito como ator.
Há bons momentos, claro, como quando Alessandra Negrini faz chacota do figurino pouco discreto do cantor ou quando ele critica o pai pelos muitos casamentos. Os momentos entre Fábio e Fiuk, aliás, são de emoção genuína – descontado o exagero das primeiras e “explosivas” cenas – e de longe compõem as melhores sequências.
Talvez o problema de “Tal Filho, Tal Pai” seja mesmo insistir no óbvio. Todos já estão cansados de saber: as mulheres se jogam tanto em Fiuk quanto em Fábio Jr. Ambos são bonitos e símbolos sexuais e, claro, vivem sendo assediado pelas mulheres. Grande novidade. Não é preciso ser gênio para adivinhar isso. Tornar isso um ponto importante para a atração soa um pouco como “síndrome do gostosão em busca de autoafirmação”. Poderíamos ter passado sem essa.
Fiuk, a gente já entendeu que você é bonito e não se fez em cima do talento do seu pai. Se esse especial entrar mesmo para a grade fixa da Globo em 2011 a gente fica esperando por uma história que vá além do que a gente já sabe e que soe um tantinho menos afetada, tá?